Hoje (13) faleceu o poeta Manoel de Barros, aos 97 anos, em Campo Grande - MS. Passou a infância no Pantanal. Cresceu tornou-se advogado, depois fazendeiro, táticas para poder exercer sempre seu verdadeiro ofício: poeta. Viveu para as palavras.
O blog Dizeres Poéticos nasceu por culpa de Manoel de Barros. No final de setembro caiu em minhas mãos o livro "Retrato do artista quando coisa", aí a magia começou e continuo para sempre encantada com o melhor poeta do século XX, assim o considerava Carlos Drummond de Andrade.
Fausto Wolff, que apresenta o livro "Retrato do artista quando coisa" falou sobre o amigo: "Este é o sujeito que vê uma letra e a entorta. Depois fica vigiando até descobrir para que ela não serve. E a falta de serventia da letra que Manoel entortou descongela o nosso cérebro, atiça nossa visão, nos redimensiona." Segundo Fausto: "Manoel tem com os trovões, ventos e crepúsculos, a intimidade que Drummond tinha com fenômenos urbanos. Manoel é incomparável; está longe dos demais poetas. Mais fácil compará-lo a Picasso e De Kooning, os grandes decompositores de artes plásticas que, como ele, dessencializavam a forma até torná-la pura. Suas metáforas cumprem a função das metáforas: expandem a nossa imaginação."
Livros publicados:
“Poemas concebidos sem pecado” (1937)
“Face imóvel” (1942)
“Poesias” (1956)
“Compêndio para uso dos pássaros” (1960)
“Gramática Expositiva do Chão” (1966)
“Matéria de Poesia” (1974)
“Arranjos para Assobio” (1980)
“Livro de Pré-Coisas” (1985)
“O Guardador de Águas”
(1989)
“Poesia Quase Toda” (1990)
“Concerto a Céu Aberto para
Solos de Ave” (1991)
“O Livro da Ignorãças”
(1993)
“Livro Sobre Nada” (1996)
“Retrato do Artista Quando
Coisa” (1998)
“Ensaios Fotográficos”
(2000)
“Exercícios de Ser Criança”
(2000)
“Tratado Geral das Grandezas
do Ínfimo” (2001)
“O Fazedor de Amanhecer”
(2001)
“Poeminhas Pescados numa
Fala de João” (2001)
“Cantigas para Um Passarinho
à Toa” (2003)
“Memória Inventadas” (2003)
“Poemas Rupestres” (2004)
“Memória Inventadas II – A Segunda
Infância” (2005)
“Poeminha em Língua de
Brincar” (2007)
“Memória Inventadas III – A Terceira
Infância” (2007)
“Menino do Mato” (2010)
"Escritos em Verbal de Ave" (2011)
O último poema escrito em 2013 "A turma" está no livro:
"A biblioteca de Manoel de Barros" (2013) - Obra completa do poeta lançado pela editora Leya.
Cercado por bons sentimentos vindos da família, dos amigos, dos livros e de seus encantados leitores, presentes ou não, o poeta nascido em 19 de dezembro de 1916 se despede hoje (13 de novembro de 2014) do planeta Terra. Missão cumprida.