Foto: Ans Vink |
Espaço para reflexão, comunicação e ação. Textos poéticos e em prosa serão alvos principais. Música, cinema, teatro e jornalismo também terão seus lugares assegurados. Como diz Manoel de Barros: "Pelos meus textos sou mudado mais do que pelo meu existir".
domingo, 22 de março de 2015
quarta-feira, 18 de março de 2015
Motivo - Cecília Meireles e Fagner
Praça do condomínio Foto: Vilma Gama |
Há muitos motivos para celebrar Cecília Meireles.
Ela foi poetisa, professora, pedagoga e jornalista.
A maioria de suas obras expressa estados de ânimo, predominam os sentimentos de perda amorosa e solidão. Uma das marcas do lirismo de Cecília Meireles é a musicalidade de seus versos. Alguns poemas como "Canteiros"' e "Motivo" foram musicados por Fagner.
Comprovando a tese de musicalidade, no vídeo abaixo Fagner canta, ao vivo, "Paralelas", do amigo Belchior, e "Motivo", de Cecíla Meireles.
"Motivo"
"Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada."
Cecília Meireles
Cecília Meireles |
domingo, 15 de março de 2015
Cora Coralina nos aponta o caminho das pedras
Céu do dia 29 de dezembro de 2014 Foto: Vilma Gama |
Este espaço é de Cora Coralina.
"Aninha e suas pedras"
"Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua via, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede."
Cora Coralina
sábado, 14 de março de 2015
Belo planeta - música de Fagner e poesia de Florbela Espanca
Linda praia em Fernando de Noronha Foto: Tuca Noronha |
A poetisa portuguesa, nascida aos 8 de dezembro de 1894, despediu-se do planeta, aos 36 anos, em 8 de dezembro de 1930.
"Fanatismo"
"Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história, tantas vezes lida!
Tudo no mundo é frágil, tudo passa...
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina, fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
Podem voar mundos, morrer astros,
quinta-feira, 12 de março de 2015
Fragmento da poesia de Fernando Pessoa
Morro do Farol de Santa Marta - SC Foto: Vilma Gama |
Posso me tornar uma pedra, uma flor ou uma ideia abstrata, eis a proposta lançada por Fernando Pessoa.
"A passagem das horas"
"Sentir tudo de todas as maneiras,
Viver tudo de todos os lados,
Ser a mesma cousa de todos os modos possíveis ao
mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos
Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo.
Eu quero ser sempre aquilo com quem simpatizo,
Eu torno-me sempre, mais tarde ou mais cedo,
Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia,
Seja uma flor ou uma ideia abstrata,
Seja uma multidão ou um modo de compreender Deus.
E eu simpatizo com tudo, vivo de tudo em tudo."
Fernando Pessoa
terça-feira, 10 de março de 2015
Renovar o mundo usando borboletas - Manoel de Barros
segunda-feira, 9 de março de 2015
O medo segundo Manoel de Barros
Prainha e Praia Grande - Farol de Santa Marta - SC Foto: Vilma Gama |
O medo é um sentimento humano. Ele nos acompanha em nossas vidas em muitos momentos. O que fazer se não podemos lhe dispensar a companhia. Eu recorro à poesia...
"Eu sou o medo da lucidez.
Choveu na palavra onde eu estava.
Eu via a natureza como quem a veste.
Eu me fechava com espumas.
Formigas vesúvias dormiam por baixo de trampas.
Peguei umas ideias com as mãos - como a peixes.
Nem era muito que eu me arrumasse por versos.
Aquele arame do horizonte que separava o morro do céu
estava rubro.
Um rengo estacionou entre duas frases.
Um descor
Quase uma ilação do branco.
Tinha um palor atormentado a hora.
O pato dejetava liquidamente ali."
Manoel de Barros
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