Espaço para reflexão, comunicação e ação. Textos poéticos e em prosa serão alvos principais. Música, cinema, teatro e jornalismo também terão seus lugares assegurados.
Como diz Manoel de Barros: "Pelos meus textos sou mudado mais do que pelo meu existir".
Natal em outras paisagens. No planeta há verão, inverno, sol, neve, altas e baixas temperaturas. Há a beleza da diversidade. Lugares insólitos. Somos uma minúscula parte. O Universo nos contém.
O cantor britânico Joe Cocker deixou o planeta ontem (22), aos 70 anos.
Queria dizer que um dos maiores sucessos dele, a música "With a little help from my friends", cantada por ele pela primeira vez em 1969, no festival de Woodstock, composta por John Lennon e Paul MacCartney, me faz lembrar o seriado "Anos incríveis", exibido pela TV Cultura entre os anos de 1994 e 1995. A voz rouca e a emoção com a qual interpretava as canções eram suas marcas registradas.
A homenagem do blog vai para Joe Cocker e para o seriado "Anos incríveis", que teve o privilégio de tê-lo na abertura. O seriado narrava a vida e os dilemas de um adolescente (Kevin Arnold) no final dos anos 60 e início dos 70.
A minha impressão era que a música enriquecia a ficção e nos trazia uma nostalgia de algo que não havíamos vivido. Muito bom.
Em 2012 Joe Cocker esteve no Brasil pela terceira e última vez, ele já havia tocado aqui em 1977 e em 1991, no Rock in Rio, no estádio do Maracanã.
Os personagens Paul e Kevin do seriado "Anos incríveis"
A poesia e a literatura são úteis para a vida. Sem elas, às vezes é difícil respirar e prosseguir. Faltou poesia. Saímos à sua procura e encontramos Fernando Pessoa. E eis o presente:
"Fecho os olhos, medito E, se invoco, revivo Um momento meu ser é infinito No inteiro eu entre mim e o que fui Depois estagno, e o meu ser morto e esquivo Rio fundo por mim flui."
O escritor Érico Lopes Veríssimo completaria 109 anos, ontem, 17 de dezembro, caso estivesse em nosso planeta. Nasceu em Cruz Alta - RS em 17.12.1905, e fez a passagem há 39 anos, em 28 de novembro de 1975. Em 1973 publicou sua autobiografia intitulada "Solo de clarineta". Faleceu subitamente e deixou inacabado o segundo volume de suas memórias, que se chamaria "A hora do sétimo anjo". "A vida vale a pena ser vivida apesar de todas suas dificuldades, tristezas e momentos de dor e angústia.
O mais importante que existe sobre a face da terra é a
pessoa humana. E surpreender
o homem no ato de viver é
uma das coisas mais fantásticas que existe.”
Érico Veríssimo "Em geral quando termino um livro encontro-me numa confusão de sentimentos, um misto de alegria, alívio e vaga tristeza. Relendo a obra mais tarde, quase sempre penso 'Não era bem isto o que queria dizer'."
(O escritor diante do espelho) Érico Veríssimo
"Estive pensando na fúria cega com que os homens se atiram à caça do dinheiro. É essa a causa principal dos dramas, das injustiças, da incompreensão da nossa época. Eles esquecem o que têm de mais humano e sacrificam o que a vida lhes oferece de melhor: as relações de criatura para criatura. De que serve construir arranha-céus se não há mais almas humanas para morar neles. (...) É indispensável trabalhar, pois um mundo de criaturas passivas seria também triste e sem beleza. Precisamos, entretanto, dar um sentido humano às nossas construções. E quando o amor ao dinheiro, ao sucesso nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu." (Olhai os Lírios do Campo) Érico Veríssimo
"Eu queria fazer um livro não da vida como ela é, mas como
eu queria que ela fosse. Um livro para a gente pegar e ler
quando quisesse esquecer a vida real... Eu entendo a Arte
como sendo uma errata da vida. A página tal, onde se lê
isto, leia-se aquilo..."
Érico Veríssimo em "Um lugar ao sol".
"O espírito da gentileza podia salvar o mundo. O que nos
falta é isso: espírito de gentileza. Boas maneiras de homem
para homem, de povo para povo."
Érico Veríssimo
Carlos Drummond de Andrade homenageou o amigo ao publicar o seguinte poema:
Carlos Drummond de Andrade
"A falta de Érico Veríssimo"
"Falta alguma coisa no Brasil
depois da noite de sexta-feira
Falta aquele homem no escritório
a tirar da máquina elétrica
o destino dos seres,
a explicação antiga da terra.
Falta uma tristeza de menino bom
caminhando entre adultos
na esperança da justiça
que tarda - como tarda!
a clarear o mundo.
Falta um boné,
aquele jeito manso,
aquela ternura contida, óleo a derramar-se lentamente.