Espaço para reflexão, comunicação e ação. Textos poéticos e em prosa serão alvos principais. Música, cinema, teatro e jornalismo também terão seus lugares assegurados. Como diz Manoel de Barros: "Pelos meus textos sou mudado mais do que pelo meu existir".
sexta-feira, 3 de abril de 2015
quinta-feira, 2 de abril de 2015
Para dizer em bares - de Manuel Bandeira para Mário Quintana
Manuel Bandeira |
"Meu Quintana"
"Meu Quintana os teus cantares
Não são, Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares.
Quinta-essência de cantares...
Insólitos, singulares...
Cantares? Não! Quintanares!
Quer livres, quer regulares,
Abrem sempre os teus cantares
Como flor de quintanares.
São feitos esses cantares
De um tudo-nada: ao falares,
Luzem estrelas luares.
São para dizer em bares
Como em mansões seculares
Quintana, os teus quintanares.
Sim, em bares, onde os pares
Se beijam, sem que repares
Que são casais exemplares.
E quer no pudor dos lares.
Que no horror dos lupanares.
Cheiram sempre os teus cantares
Ao ar dos melhores ares,
Pois são simples, invulgares.
Quintana, os teus quintanares.
Por isso peço não pares,
Quintana, nos teus cantares...
Perdão! Digo, quintanares."
Manuel Bandeira
*Nota: O poema foi escrito por Manuel Bandeira para Mário Quintana, após sua terceira rejeição na Academia Brasileira de Letras.
segunda-feira, 30 de março de 2015
Chegamos de muito longe - sensibilidade - A poesia de Mário Quintana
domingo, 29 de março de 2015
Um rio nunca é o mesmo, ou a impermanência da vida - Mário Quintana
Cachoeira do Escorrega em Maromba - Visconde de Mauá - RJ |
"Canção do dia de sempre"
"Tão bom viver dia-a-dia...
A vida assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...
É só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas..."
Mário Quintana
sábado, 28 de março de 2015
Poeminha do Contra - Mário Quintana
sexta-feira, 27 de março de 2015
Sonho - por Mário Quintana
Flor na rua de casa Foto: Vilma Gama |
"Sonho*"
"Um poema em que não se notasse nem a suspeita ênfase da simplicidade e que, ao lê-lo, nem sentirias que ele já estivesse escrito, mas que fosse brotando, no mesmo instante, de teu próprio coração."
Mário Quintana
* Poema publicado originalmente no livro Da preguiça como método de trabalho, retirado de Poesia Completa – Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005, p. 704)
terça-feira, 24 de março de 2015
Tempo - compositor de destinos
"Oração Ao Tempo"
"És um senhor tão bonito
Tempo, tempo, tempo, tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo, tempo, tempo, tempo
Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo, tempo, tempo, tempo
Entro num acordo contigo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo, tempo, tempo, tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo, tempo, tempo, tempo
Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo, tempo, tempo, tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo, tempo, tempo, tempo
Quando o tempo for propício
Tempo, tempo, tempo, tempo
De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo, tempo, tempo, tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo, tempo, tempo, tempo
O que usaremos pra isso
Fica guardado em sigilo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Apenas contigo e migo
Tempo, tempo, tempo, tempo
E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Não serei nem terás sido
Tempo, tempo, tempo, tempo
Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo, tempo, tempo, tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo, tempo, tempo, tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo, tempo, tempo, tempo."
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