quinta-feira, 2 de abril de 2015

Para dizer em bares - de Manuel Bandeira para Mário Quintana

Manuel Bandeira




"Meu Quintana"



"Meu Quintana os teus cantares

Não são, Quintana, cantares:

São, Quintana, quintanares.


Quinta-essência de cantares...

Insólitos, singulares...

Cantares? Não! Quintanares!


Quer livres, quer regulares,

Abrem sempre os teus cantares

Como flor de quintanares.


São feitos esses cantares

De um tudo-nada: ao falares,

Luzem estrelas luares.


São para dizer em bares

Como em mansões seculares

Quintana, os teus quintanares.


Sim, em bares, onde os pares

Se beijam, sem que repares

Que são casais exemplares.


E quer no pudor dos lares.

Que no horror dos lupanares.

Cheiram sempre os teus cantares


Ao ar dos melhores ares,

Pois são simples, invulgares.

Quintana, os teus quintanares.


Por isso peço não pares,

Quintana, nos teus cantares...

Perdão! Digo, quintanares."

                                                                    Manuel Bandeira

*Nota: O poema foi escrito por Manuel Bandeira para Mário Quintana, após sua terceira rejeição na Academia Brasileira de Letras.












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