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Manuel Bandeira |
"Meu Quintana"
"Meu Quintana os teus cantares
Não são, Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares.
Quinta-essência de cantares...
Insólitos, singulares...
Cantares? Não! Quintanares!
Quer livres, quer regulares,
Abrem sempre os teus cantares
Como flor de quintanares.
São feitos esses cantares
De um tudo-nada: ao falares,
Luzem estrelas luares.
São para dizer em bares
Como em mansões seculares
Quintana, os teus quintanares.
Sim, em bares, onde os pares
Se beijam, sem que repares
Que são casais exemplares.
E quer no pudor dos lares.
Que no horror dos lupanares.
Cheiram sempre os teus cantares
Ao ar dos melhores ares,
Pois são simples, invulgares.
Quintana, os teus quintanares.
Por isso peço não pares,
Quintana, nos teus cantares...
Perdão! Digo, quintanares."
Manuel Bandeira
*Nota: O poema foi escrito por Manuel Bandeira para Mário Quintana, após sua terceira rejeição na Academia Brasileira de Letras.