quarta-feira, 15 de julho de 2020

O sonho já me preenche

Em casa - Pracinha -Foto:Vilma Gama (VG)

                                                     Foto: VG




Fotos: VG

Gosto da palavra escrita

Gosto de capas de livros, de cadernos

Gosto de sonhos


Gosto de lugares com céu azul

Gosto do som do canto dos pássaros, enquanto escrevo

Gosto das árvores, onde os pequenos encontram alimento, descanso e                                                                   morada












 











Foto: VG

Gosto de viajar, gosto de                                        conhecer pessoas, de ver 

lugares novos,  mares,

 montanhas, vilarejos,

 cidades






Sonho com uma casa sobre rodas, 

onde possa viver e ver o mundo


Os vilarejos e cidades já me habitam

    As pessoas que ainda não conheço, me saúdam

Sorrisos sinceros já se desenham por quilômetros



As palavras já me descrevem

A viagem já me invade

O sonho já me preenche


                                                                                                                                                                      Vilma Gama

                                                                                                         


quarta-feira, 8 de julho de 2020

De repente pandemia


Foto:Quintal de casa - Vilma Gasma (VG)


De repente pandemia
Quantas palavras cabem em um dia?

Recolhimento
Isolamento
Confinamento
Sobrevivência
Quarentena
Convivência
Coexistência
Novidade
Nova idade - aniversário em abril
Esperança
Estranheza
Humanidade

Foto:Pracinha à noite - VG

Solidão
Alerta
Ameaça 
Tristeza
Morte
Depressão
Resistência
Poesia
Música
Foto: Janela de casa - VG

Janela
Paisagem urbana
Vida
Dentro
Fora
Corrida
Céu
Sol
Ar
Fuga
Medo
Café
TV
Sofá
Aconchego
Cura
Breve
Desejo

                                                                  Vilma Gama


Foto: Quintal de casa (2019) - VG


quarta-feira, 1 de julho de 2020

Insônia em tempos de confinamento




                                                                                          Foto: Vilma Gama (VG)


Recorte de uma noite quase em claro
Instantâneo de uma noite em tempos de confinamento
sono interrompido
leitura interrompida
sonho interrompido
sentimentos que perturbam
mas não se definem
mente inquieta
noite

                                                              Foto: VG


                                                               Foto: VG



                                                                  Foto: VG


Inquieta
manhã
tentar dormir
quando o sol já invade o quarto

                                                                                                                               Vilma Gama


                                                                          Pôster - Foto: VG

                                               

                                                   Insônia em tempos de confinamento





quarta-feira, 24 de junho de 2020

Fala invenção


                          Final de tarde - Foto: Vilma Gama (VG)


Ponto de partida

Giro da Terra Brasilis

Língua antropofágica

Herança modernista


Tal língua não me chega pelos jornais

Nem pelos livros


Descubro

nas esquinas,

nos táxis,

nas músicas.

Fala

Frases rápidas

Doçura

Ironia

Aspereza

Um retrato


A fala invenção

Desconstrução que cria a identidade nacional e nos liberta da submissão à língua-mãe lusitana

Abraço, do meu jeito, as melhores palavras


                                                                                                                                    Vilma Gama

Final de tarde na pracinha - Foto: VG


*Terra Brasilis é o termo utilizado para denominar o Brasil antes da chegada dos europeus à terra dos povos originários.
*A expressão "Terra Brasilis" jé existia em mapas dos séculos XVI e XVII, como por exemplo, o mapa feito por Pedro Reinel e Lopo Homem em 1519.
Fonte: https://www.dicionarioinformal.com.br/terrabrasilis/ acesso em 15.05.2019, às 16h50.

                                          Fala invenção


quarta-feira, 17 de junho de 2020

Poesia

                              

     Verão no Farol de Santa Marta - Foto: Vilma Gama (VG)

Poesia


História não contada dentro de você


Servir literatura


Linguagem própria, poética


Narrativa verdade



Vilma Gama


Verão de 2020 - Foto: VG



sábado, 13 de junho de 2020

Aniversário de Fernando Pessoa





Bicarbonato de soda


Súbita, uma angústia...
Ah, que angústia, que náusea do estômago à alma!
Que amigos que tenho tido!
Que vazias de tudo as cidades que tenho percorrido!
Que esterco metafísico os meus propósitos todos!

Uma angústia, 
Uma desconsolação da epiderme da alma,
Um deixar cair os braços no sol-pôr do esforço...
Renego.
Renego tudo.
Renego mais do que tudo.
Renego a gládio e fim todos os Deuses e a negação deles.
Mas o que é que me falta, que o sinto faltar-me no estômago e
                                                                   na circulação do sangue?
Que atordoamento vazio me esfalfa no cérebro?

Devo tomar qualquer coisa ou suicidar-me?
Não: vou existir. Arre! Vou existir.
E-xis-tir...
E-xis-tir...

Meu Deus! Que budismo me esfria no sangue!
Renunciar de portas todas abertas,
Perante a paisagem todas as paisagens,
Sem esperança, em liberdade,
Sem nexo.
Acidente da inconsequência da superfície das coisas,
Monótono mas dorminhoco,
E que brisas quando as portas e as janelas estão todas abertas!
Que verão agradável dos outros!

Dêem-me de beber, que não tenho sede!



                   Álvaro de Campos
in Fernando Pessoa, O Eu profundo e outros Eus, 19ª Edição, Editora Nova Fronteira, pgs.264/265






Fernando Antônio Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa, Portugal, em 13 de junho de 1888  e deixou o planeta em 30 de novembro de 1935. 
Participou do Orfismo, primeiro movimento propriamente moderno. Inicia-se em 1915, com a revista Orpheu, que aglutinou jovens de ideias futuristas, entusiasmados com as novidades trazidas pelas mudanças culturais postas em curso com o século XX, defendiam a integração de Portugal no cenário da modernidade europeia. Para tanto, pregavam o inconformismo e punham a atividade poética acima de tudo.
Fonte: Massaud Moisés, A literatura portuguesa através dos textos, Cultrix, 25ª edição revista e aumentada.



Fernando Pessoa



quarta-feira, 10 de junho de 2020

Olhando para a página em branco

     

Luau na Prainha - Farol de Santa Marta - SC - Foto: Arquivo pessoal


Olhando para a página em branco

Penso no absurdo da situação
que coisa incomum ou esquisita pode acontecer?
Como um pensamento cortado...
Tenho o corpo tão leve,
mas eu sou tão espiritual quanto um tijolo

Em quantas páginas cabem uma vida?
Podemos compactar a jornada,
diante da crença, que certas partes resumem o todo.
Panorâmica autobiografia...
Crio o máximo de variações possíveis
Cinco páginas para cada minuto de existência?
Prosa? Poesia?
Ouço uma das mais delicadas vozes:
a da poesia
Vejo como um espelho invertido
Agora, a página em branco é quem me olha
Pouso a caneta sobre o papel.
Inspiro, expiro
Dentro da cabeça páginas e páginas sendo preenchidas incessantemente

Vilma Gama