sábado, 7 de março de 2015

Navios naufragados e garrafas ao mar

Quase pôr-do-sol na praia do Cardoso - Farol de Santa Marta - SC                                                                   Foto: Vilma Gama





Muito boas-vindas ao amigo e poeta Sérgio Rocha. 
A encantadora poesia que o apresenta fala por si.



"Asfixia"



"Então fico a ver navios naufragados

tão mais velozmente 


que os meus sentidos consigam buscar num sumiço de 



horizonte distante

(arregalo olhos de solidão e calo diante do imenso fosso

 esverdeado).

Semblantes pouco críveis 

desesperançados de rugas e sonhos em pedaços

 acumulam-se ao meu lado também fixados na profundidade

 que se alarga e esgarça mais e mais o sentido que 

dávamos às estórias antes dessa precipitação.

Precipito-me encarando o próprio Poseidon e seus amores 

em descalabro e só depois de arrancado da areia e 

arremessado de volta à realidade é que percebo Cila e 

Caribdes abocanhando das pedras os poucos e tristes 

pescadores de almas.

Esqueço a luz adormecida com a tarde 

viro-me deixando o livro empoeirado cair no piso de tacos tão

 velhos como sonoros e na linha tu insistes em perguntar 

por que durmo tanto o dia todo e tudo o que digo é que só 

assim lanço garrafas ao mar 

só assim pressinto o que de mim se afoga na falta de ar que

 do outro lado respiras."

                                                                                      Sérgio Rocha


2 comentários:

  1. Vilma, quanto carinho! Obrigado pela publicação.

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  2. Sérgio, fico feliz que tenha gostado da forma como apresentei o poema.O mérito é todo seu. Sua poesia fez sucesso porque é muito boa. Asseguro que você já tens fãs no Dizeres Poéticos. Eu é que agradeço o privilégio de tê-lo no blog. Beijos.

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