quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Espaço dedicado à Manuel Bandeira




O espaço hoje será dedicado a outro Manuel. Vamos falar de Manuel Bandeira, escritor, poeta e crítico, que nos deixou há 46 anos. Nasceu em Recife, Pernambuco, em 19 de abril de 1886. Participou indiretamente da Semana de Arte Moderna de 1922, seu poema Os sapos, uma sátira aos poetas parnasianos, foi lido na abertura da semana e chocou a plateia presente ao evento que inaugurou o modernismo no Brasil.  



O poeta cultivou em sua obra a linguagem coloquial, anti-acadêmica e o verso livre.
A herança poética que ele nos deixou merece ser destacada.



                                               









O poeta do castelo - direção: Joaquim Pedro de Andrade 


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O desafio de inventar a tarde

Imagens da janela da sala de casa                                                                                                                           Foto: Vilma Gama

O sol pousa nos galhos e nas folhas das árvores e tinge o espaço de verde, em variados tons. Os edifícios cinzas contemplam enciumados a dança das cores, promovida pelos raios solares de uma tarde de primavera.

E o que nos diz Manoel de Barros em Retrato do artista quando coisa -



Uso um deformante para a voz.

Em mim funciona um forte encanto a tontos.

Sou capaz de inventar uma tarde a partir de 

uma garça.

Sou capaz de inventar um lagarto a partir de 

uma pedra.

Tenho um senso apurado de irresponsabilidades.

Não sei de tudo quase sempre quanto nunca.

Experimento o gozo de criar.

Experimento o gozo de Deus.

Faço vaginação com palavras até meu retrato

aparecer.

Apareço de costas.

Preciso de atingir a escuridão com clareza.

Tenho de laspear verbo por verbo até alcançar

o meu aspro.

Palavras têm que adoecer de mim para que se

tornem mais saudáveis.

Vou sendo incorporado pelas formas pelos

cheiros pelo som pelas cores.

Deambulo aos esgarços.

Vou deixando pedaços de mim no cisco.

O cisco tem agora para mim uma importância 

de Catedral.

sábado, 11 de outubro de 2014

Visitas ilustres e poesia para celebrá-las

Visitas ilustres na hora do almoço  (11.10.14 )                                                                                                       Foto: Vilma Gama

Sábado na hora do almoço duas ilustres visitas vieram degustar banana em nossa janela, que, para nossa alegria já virou ponto de encontro dos pássaros que moram nas árvores vizinhas. Sempre bem-vindos, tornaram-se nossos bichinhos de estimação. Não os mantemos presos, eles são livres para nos visitarem apenas quando quiserem. Nós lhes oferecemos frutas, e eles, graciosas presenças nos brindam com seu canto todas as manhãs. São seres que tornam a vida mais leve e bonita. 

Para celebrar o encontro um poema do encantador de palavras Manoel de Barros (Retrato do artista quando coisa)

Bom é corromper o silêncio das palavras.
Como seja:

1. Uma rã me pedra. (A rã me corrompeu para

pedra. Retirou meus limites de ser humano
e me ampliou para coisa. A rã se tornou
o sujeito pessoal da frase e me largou no chão a criar musgos para tapete de insetos e de frades.)

2. Um passarinho me árvore. (O passarinho me transgrediu para árvore. Deixou-me aos ventos e às chuvas. Ele mesmo me bosteia de dia e me desperta nas manhãs.)


3. Os jardins se borboletam. (Significa que 

os jardins se esvaziaram de suas sépalas
e de suas pétalas? Significa que os jardins 
se abrem agora só para o buliço das
borboletas?)



sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Palavra de um artista

Imagem da janela de casa.                                                                                   Foto: Vilma Gama
           
              Manoel de Barros nos envolve com seu poema abraço:


             "Há um cio vegetal na voz do artista.
  
             Ele vai ter que envesgar seu idioma ao ponto

             de alcançar o murmúrio das águas nas folhas

             das árvores.

             Não terá mais o condão de refletir sobre as 

             coisas.

             Mas terá o condão de sê-las.

            Não terá mais ideias: terá chuvas, tardes, ventos,

            passarinhos...

           Nos restos de comida onde as moscas governam

           ele achará solidão.

           Será arrancado de dentro dele pelas palavras

          a torquês.

          Sairá entorpecido de haver-se.

          Sairá entorpecido e escuro.

          Ver sambixuga entorpecida gorda pregada na

          barriga do cavalo -

          Vai o menino e fura de canivete a sambixuga:

          Escorre sangue escuro do cavalo.

          Palavra de um artista tem que escorrer

          substantivo escuro dele.

          Tem que chegar enferma de suas dores, de seus

          limites, de suas derrotas.

          Ele terá que envesgar seu idioma ao ponto de

          enxergar no olho de uma garça os perfumes do

          sol."  

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O que aconteceu na janela de casa

                                                                                                     Foto: Vilma Gama

Um passarinho olhou para a minha janela e resolveu chegar mais perto.

                                                                                                     Foto:  Vilma Gama



Provou o lanche que ali estava servido. Gostou.








                                                                                                     Foto: Vilma Gama

E convidou os amigos para degustação.












Biografia do Orvalho

Para encontrar o azul eu uso pássaros
As letras fizeram-se para frases.

Machado de Assis


O show da banda Os Opalas no Encrespa Geral na Casa das Caldeiras

Sobre o Encrespa Geral:


Show Os Opalas na Casa das Caldeiras 5.10.14                                                                                                   Foto: Vilma Gama

É um projeto de ação social, que tem o objetivo de inspirar o uso do cabelo natural, independente de cor, etnia, sexo, idade.
Não queremos impor nenhum tipo de estilo.
Queremos inspirar a busca do autoconhecimento, a valorização da autoestima.
Inspiração no bem sensibiliza, traz mudança, traz união!
Todas as texturas são lindas!
A natureza não erra. A visão humana sim.
E cabelo é identidade, é o reflexo da nossa ancestralidade!
Aqui nos reconhecemos em quem está ao nosso lado, e essa é a magia dos encontros.
Também apoiamos o trabalho artesanal, o trabalho afroempreendedor, saúde capilar e arte.
Esta é a primeira edição do Evento na Cidade de Juazeiro-BA, mas, já estamos na terceira edição do Encrespa Geral e nessa rodada somos 21 cidades entre Brasil, Irlanda, Inglaterra e Austrália.
A união traz a força e a força quebra barreiras!
Se você acredita na mensagem, participe!
O encontro é aberto a todas as pessoas.
‪#‎EncrespaGeral‬
‪#‎Nãoésóporcabelo‬.


Sobre o show d'Os Opalas:


Vibrações positivas. Música e movimento consciente pela beleza em todas as suas formas. O foco do projeto é o cabelo, mas também houve espaço para inclusão social através da música e da dança. Eu estava lá e adorei. Veja um pouco do que rolou na noite do último domingo.




A língua dos pássaros

A tarefa a que me propus é reinventar a vida dentro de um imenso jardim.



Para ajudar na realização da tarefa proposta, recorro ao poeta Manoel de Barros ("Retrato do artista quando coisa"). Vejamos o que ele tem a nos dizer, em forma de poesia, claro!




"Na língua dos pássaros uma expressão tinge

a seguinte.

Se é vermelha tinge a outra de vermelho.

Se é alva tinge a outra dos lírios da manhã.

É língua muito transitiva a dos pássaros.

Não carece de conjunções nem de abotoaduras.

Se comunica por encantamentos.

E por não ser contaminada de contradições

A linguagem dos pássaros

Só produz gorjeios."