sábado, 27 de dezembro de 2014

Um poema de Natal para Arnaldo

Aniversário de 1 ano do Victor, com os padrinhos Narciza e Arnaldo (2004)

O mesmo poema para dois amigos


Já havia publicado aqui no blog, em 15 de dezembro, o "Poema de Natal" por ocasião da passagem do grande amigo Eurico Luís Costa Prado, ocorrida no dia 14 deste mês. Hoje o publico novamente, pois, neste poema Vinícius de Moraes fala, muito carinhosamente, da morte e da vida. 
É uma singela homenagem a Arnaldo Peixe dos Santos, grande amigo e padrinho do meu filho, que deixou o planeta hoje.

"Poema de Natal"


Para isso fomos feitos:

Para lembrar e ser lembrados

Para chorar e fazer chorar

Para enterrar os nossos mortos -

Por isso temos braços longos para os adeuses

Mãos para colher o que foi dado

Dedos para cavar a terra.



Assim será a nossa vida:

Uma tarde sempre a esquecer

Uma estrela a se apagar na treva

Por isso precisamos velar

Falar baixo, pisar leve, ver

A noite dormir em silêncio



Não há muito que dizer:

Uma canção sobre um berço

Um verso, talvez, de amor

Uma prece por quem se vai -

Mas que essa hora não esqueça

E por ela os nossos corações

Se deixem, graves e simples.



Pois para isso fomos feitos:

Para a esperança no milagre

Para a participação da poesia

Para ver a face da morte -

De repente nunca mais esperaremos...

Hoje à noite é jovem; da morte, apenas

Nascemos, imensamente."




                              Vinícius de Moraes


Batizado - Narciza, Vilma, Victor Luís e Arnaldo - 2004

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