"Havia no lugar um escorrer azul de água
sobre as pedras do córrego.
(Um escorrimento lírico.)
Andava por lá um homem que fora desde
criança comprometido para lata.
Andava entre rãs e borboletas.
Me impressionou a preferência das andorinhas
por ele.
Era um sujeito esmolambado à feição de ser
apenas uma coisa.
Era um sujeito esmolambado à feição de ser
apenas um trapo.
Percebi que o homem sofria por dentro de uma
enorme germinação de inércia.
Uma inércia que até contaminava o seu andar
e os seus trajos."
Manoel de Barros - Retrato do artista quando coisa.
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