Vizinha árvore vista da janela do escritório Foto: Vilma Gama |
A vida é mestra e não devemos ser discípulos rebeldes. A louça deve ser lavada. A tempestade vai passar.
Manoel de Barros, o desencantador de palavras, nos diz em "Retrato do artista quando coisa":
"Sobre meu corpo se deitou a noite (como se
eu fosse um lugar de paina).
Mas eu não sou um lugar de paina.
Quando muito um lugar de espinhos.
Talvez um terreno baldio com insetos dentro.
Na verdade eu nem tenho ainda o sossego de
uma pedra.
Não tenho os predicados de uma lata.
Nem sou uma pessoa sem ninguém dentro -
feito um osso de gado
Ou um pé de sapato jogado no beco.
Não consegui ainda a solidão de um caixote -
tipo aquele engradado de madeira que o poeta
Francis Ponge fez dele um objeto de poesia.
Não sou sequer uma tapera, Senhor.
Não sou um traste que se preze.
Eu não sou digno de receber no meu corpo os
orvalhos da manhã."
Essa coisa de anoitecer se parecer com tristeza...
ResponderExcluirBoa poesia…bjs
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