sábado, 18 de outubro de 2014

O poeta nos convida a olhar para baixo

Imagem da janela do quarto ao olhar para baixo (9.10.14)                                                                                    Foto: Vilma Gama



Não sabemos o que é simplicidade. Somos complicados e tristes. O poeta nos convida a olhar para baixo.
"Aprendo com abelhas do que com aeroplanos."


O olhar de Manoel de Barros dirigi-se aos seres insignificantes, deixados à margem pela sociedade, seres verdadeiramente importantes sob o sol. (Retrato do artista quando coisa)

É um olhar para baixo que eu nasci tendo.

É um olhar para o ser menor, para o 

insignificante que eu me criei tendo.

O ser que na sociedade é chutado como uma

barata - cresce de importância para o meu

olho.

Ainda não entendi por que herdei esse olhar

para baixo.

Sempre imagino que venha de ancestralidades

machucadas.

Fui criado no mato e aprendi a gostar das

coisinhas do chão -

Antes que das coisas celestiais.

Pessoas pertencidas de abandono me comovem:

tanto quanto as soberbas coisas ínfimas."

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